Dando continuidade ao mes de todos os santos, hoje estaremos estudando Santa Tereza D'Ávila, a mística e doutora da igreja:
Teresa de Cepeda e Ahumada nasceu em Ávila, na Espanha, em 28 de março
de 1515, no seio de uma família nobre. Filha de Alonso Sánchez de Cepeda
e Beatriz Dávila e Ahumada, ela tornou-se conhecida religiosa e
escritora, célebre por sua produção mística. Tamanha era a paixão d
e
Teresa pelas histórias de santos e mártires, que aos sete anos ela e
seu irmão Rodrigo decidiram fugir de casa, na direção da região habitada
pelos mouros, com o objetivo de morrer em nome de Deus e assim
conquistar a glória eterna. Seus planos foram frustrados, pois um tio os
encontrou e os levou de volta para casa.
Ao completar doze
anos, Teresa perdeu a mãe e se refugiou na proteção de Maria, mãe de
Jesus. Após ser entregue pelos pais à educação orientada pelas irmãs
agostinianas, entre as quais permaneceu até 1532, quando por motivos de
saúde foi obrigada a voltar para o lar, ela se sente ainda mais decidida
a seguir a vida espiritual. Quatro anos depois, Teresa está determinada
a entrar para a clausura, mas o pai a impede de partir neste momento,
pedindo-lhe que aguarde sua morte para realizar seu sonho. A jovem,
porém, aos vinte anos, foge de casa e segue para o Convento Carmelita de
Encarnación, em Ávila, dividida entre o fervor religioso e uma certa
repulsa por esta opção.
A vida neste convento não era o que ela
esperava, porque as irmãs carmelitas não praticavam rigidamente os
princípios da pobreza e do isolamento. Em 1536 sua saúde se deteriora e
ela é levada de volta para casa pelo pai. Uma das irmãs, Joana Suárez,
parte com Teresa para ajudá-la em seu tratamento. Praticamente
desenganada pelos médicos, ela transcende sua dor com o auxílio de um
pequeno livro que ganhara de seu tio Pedro – O Terceiro Alfabeto
Espiritual, de autoria do Padre Francisco de Osuna. Graças a esta obra,
ela começa a treinar uma espécie de oração mental. Depois de três anos,
ela resgata sua saúde e volta para o Carmelo.
Em um determinado
período, de 1555 a 1556, Teresa tem visões e ouve vozes. Ela não só
afirma ver Jesus, como também São Francisco de Assis e Antônio de Pádua
ao lado de São Pedro de Alcântara, um dos melhores amigos da religiosa,
atuando como assessores em uma cerimônia litúrgica. Este santo
acompanhou Teresa em sua prática religiosa, orientando-a em sua
caminhada.
Durante algum tempo, Teresa permaneceu indecisa
entre os valores materiais e os espirituais. Era hábito nesta época, nos
monastérios espanhóis, as irmãs receberem visitantes em um espaço
conhecido como locutório. Ela se demorava muito tempo neste local,
interagindo com as pessoas ligadas ao mundo exterior, que a visitavam
constantemente, oferecendo-lhe presentes. Isto a levou a deixar um pouco
de lado a prática da meditação e da oração. Alertada por seu confessor,
retomou este hábito esquecido, mas ainda não conseguia se devotar
completamente ao Criador.
Ao se conscientizar de suas
fraquezas, Teresa busca inspiração em Santo Agostinho, do qual lê as
Confissões, e na imagem de Santa Maria Madalena, com a qual tem um
contato místico, ao contemplar um quadro que retratava a crucificação de
Jesus. Este encontro lhe desperta o desejo de se penitenciar de seus
erros, o que lhe ajudar a superar sua pretensa indignidade.
Determinada a seguir com rigor sua religiosidade, ela funda o Convento
de São José, em Ávila, no ano de 1567, aliada a outras irmãs desejosas
de prosseguir no mesmo caminho. Desta forma, ela quebra os elos com a
vida religiosa da época, vista como um refúgio para quem desejava uma
vida mais branda e desprovida de dificuldades. Apesar de ter seu projeto
aprovado por São Pedro de Alcântara, por São Luís Beltrán e pelo Bispo
de Ávila, e a permissão do Padre Gregório Fernández, provincial dos
Carmelitas, para sua execução, ela foi amplamente censurada por nobres,
juízes, pela camada popular e até mesmo por suas companheiras de
apostolado.
A cerimônia de abertura do novo Convento causou
grande polêmica na cidade de Ávila. Teresa foi chamada por seus
superiores para se explicar e obteve a promessa do Provincial Padre
Angel de Salazar de que, assim que as coisas se acalmassem, ela poderia
retornar para seu recém-inaugurado Convento. Em 1568, ela foi liberada
para prosseguir sua tarefa de renovação e assim, ao longo de sua
caminhada, instituiu mais dezesseis conventos, sendo por isso chamada de
‘freira ambulante’, por suas constantes viagens. São João da Cruz,
também carmelita, a assessorou nestas mudanças, que incluíram um
mosteiro masculino, edificado em Duruelo, em 1568. Teresa atribui ao
novo amigo a missão de administrá-lo, e de reconstruir ou inaugurar
outros conventos.
Em uma de suas viagens, para a cidade de Alba
de Tormes, acompanhada pela Beata Ana de São Bartolomeu, sentiu-se
muito fraca e, três dias depois de chegar ao local planejado, sua alma
abandonou seu corpo, quando os últimos sacramentos foram aplicados pelo
Padre Antonio de Heredia. Sua morte ocorreu na noite de 4 de outubro de
1582. Ela foi enterrada nesta mesma cidade, onde até hoje se encontram
suas relíquias. Teresa foi santificada em 1622. O título de Doutora da
Igreja lhe foi entregue no dia 27 de setembro de 1970, pelo Papa Paulo
VI, nada mais justo para alguém como ela, com uma inteligência acima do
comum e uma sensibilidade extraordinária, seu talento reconhecido hoje
até mesmo pelos mais acirrados materialistas. Esta genialidade pode ser
conferida em suas obras mais célebres: Livro da Vida, Caminho de
Perfeição, Moradas e Fundações.
E assim pedimos a intercessão
de Santa Tereza D'ávila, para que tenhamos força para prosseguir e
coragem de trilhar o caminho rumo ao céu!
Santa Tereza D'Ávila, rogai por nós!!!